Qual a diferença entre: "planeta parecido com a Terra" e "planeta com a massa da Terra"?

Por que ainda não devemos chamar exoplanetas de "planeta parecido com a Terra" (do termo em inglês "Earth-like")?
Essa concepção artística retrata a possível aparência do planeta Kepler-452b, o primeiro planeta com o tamanho da Terra encontrado na zona habitável de uma estrela que é similar ao nosso Sol. 

O tempo todo astrônomos estão descobrindo exoplanetas e a primeira coisa que nós queremos saber é: "Ele se parece com a Terra?" Encontrar um exoplaneta como a Terra iria aumentar consideravelmente nossas chances de encontrar vida como a conhecemos aqui e finalmente provaria que nós não estamos sozinhos nesse grande e gelado Universo.

Mas quando nós vemos planetas serem descritos como "Earth-like" (que em português seria "planeta parecido com a Terra"), nós precisamos ser céticos. Com nossos instrumentos atuais, é difícil até de encontrar outros exoplanetas, então imagine saber se esses mundos tem oceanos, atmosferas, árvores e o que mais você puder imaginar. Além disso, o que significa mesmo "parecer com a Terra"? Ele precisa apenas estar na zona habitável? Ou ele precisa ter água líquida, uma atmosfera similar, ou talvez também precise estar passando por alguma mudança climática catastrófica para ser "parecido" com a Terra?


Não fique ansioso

Isso não será resolvido logo, por que nós não somos capazes de determinar a maioria destes aspectos por enquanto. Embora algum progresso esteja acontecendo, ainda estamos utilizando a luz da estrela distante que passa pela atmosfera de um exoplaneta para podermos detectar quais tipos de gases que há lá. Isso é o método mais preciso que podemos utilizar por enquanto. Quando, e se acontecer da Missão Breakthrough Starshot vier a alcançar Alpha Centauri, nós poderemos ter uma ideia melhor, mas ainda faltam décadas para que isso ocorra. Então, por hora, poderíamos parar de chamar planetas de "parecidos com a Terra". Infelizmente, nós ainda não temos meios para saber quão parecidos com a Terra esses planetas são.

Atualmente nós estamos limitados a realizar poucas observações a respeito de planetas fora do Sistema Solar. E mesmo assim ainda é difícil de observar. As 3 informações que nós conseguimos obter com qualquer tipo de observação confiável são a massa do planeta, seu período orbital e qual a distância o planeta orbita de sua estrela. 

Estas informações podem parecer insignificantes se comparadas com os detalhes que conseguimos coletar a respeito de Vênus ou Marte, por exemplo. Mas os astrônomos podem tirar informações importantes a respeito de um planeta apenas sabendo seu tamanho e a distância dele.


Como nós sabemos o que nós sabemos 

Para determinar a massa de um exoplaneta, astrônomos olham para a estrela em órbita para medir seu leve movimento de "vai e vem" causado pela gravidade do planeta que está em sua órbita. Nós devemos lembrar que massa e tamanho são coisas diferentes. Atualmente não temos nenhum método para medir o tamanho precisamente - o melhor que nós podemos fazer é sugerir baseado na massa. Para descobrir a velocidade de rotação, o astrônomo tem que observar a frequência que a luz da estrela diminui quando o planeta passa entre ela e quem a observa. Combinando esta informação com a massa da estrela, podemos presumir a distância que o exoplaneta deve estar e se ele estiver na zona habitável, em que lugar ele está. 

Estando na zona habitável, que é um local pequeno ao redor da estrela onde a temperatura permite que haja água líquida, astrônomos podem sugerir que o planeta tem chances de suportar vida. Mas se o planeta está fora dessa zona habitável, as chances são praticamente zero.

Enquanto a zona habitável de uma estrela pode ser o primeiro obstáculo para que um planeta supere o caminho para ser um planeta parecido com a Terra, ainda assim está longe de ser a última barreira. Só por que há a possibilidade de encontrar água líquida lá, não significa que realmente haja. O planeta também poderia ser cheio de minerais tóxicos, um terreno inóspito. Seu núcleo, o dínamo interno que reflete a radiação vinda do espaço através do campo magnético, como acontece aqui na Terra, poderia estar morto. O planeta poderia ter perdido sua atmosfera para os ventos solares, assim como supostamente ocorreu em Marte. Ele também poderia ser atacado por asteroides.

O ponto é que há várias motivos para um exoplaneta seja inabitável. Nossos métodos de obervação não são bons o suficiente para explorar mais sobre esses motivos (ainda). Ou seja, chamar um exoplaneta de "Parecido com a Terra", ou "Earth-like", é forçar um pouquinho a barra.

Há muitos (e muitos mesmo!) exoplanetas lá fora. Já encontramos muitos e ainda vamos encontrar mais, muito mais. Não existe razão para não encontrarmos um planeta que se pareça com a Terra algum dia. Mas vamos ter que esperar um pouco.


Fonte: http://www.astronomy.com/news/2016/10/whats-the-difference-between-earth-mass-and-earth-like

[Tradução: @difurlan1]

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