Vênus - 2 de 8
Vênus em Números
Maior distância para o Sol (afélio): 108.9 Milhões de km (0.728 U.A.*)
Menor distância para o Sol (periélio): 107.4 Milhões de km (0.718 U.A.*)
Diâmetro: 12.100 km
Diâmetro: 12.100 km
Rotação: -243.05 dias terrestres (rotação retrógrada)
Translação: 224,7 dias terrestres
Gravidade na superfície: 8.87m/s²
Pressão atmosférica: 92 bar
Composição da atmosfera: 96,5% dióxido de carbono; 3.5% nitrogênio e traços de outros gases.
Não possui satélites naturais
*UA = Unidade Astronômica, que equivale a 150 milhões de km (a mesma distância da Terra ao Sol)
Vênus é chamado de irmão gêmeo ou primo da Terra. Estrela D'alva, ou Estrela do Pastor são nomes dados ao planeta mais próximo de nós. Seja lá o modo que o chamem, o planeta Vênus, assim como a Terra, já mudou de aparência algumas vezes.
Hoje ele é o lugar no Sistema Solar que mais se assemelha à figura de inferno. Com um calor que chega a incríveis 480°C e com uma capa asfixiante que pesa 90 vezes mais do que a nossa atmosfera, Vênus é um dos locais mais inóspitos da redondeza interplanetária.
Mitologia
Vênus - Uma das divindades de Roma que encontra seu equivalente na Grécia personificada por Afrodite. Mas enquanto Vênus era a deusa do comércio romano, Afrodite era associada à beleza e ao amor.
Assim como a esmagadora maioria das excêntricas estórias de nascimento de deuses, conta-se que ela surgiu de dentro de uma concha de madrepérola, sendo gerada pelas espumas. Certamente ela foi uma das divindades mais veneradas pelos antigos.
Terra e Vênus tem praticamente o mesmo tamanho, força da gravidade parecidas e estão na chamada “zona habitável” do Sistema Solar – que é onde a temperatura de um planeta favorece a conservação da água liquida em sua superfície.
Era uma vez um mundo não muito diferente do nosso. Haviam ocasionais catástrofes naturais, erupções vulcânicas gigantescas e de vez em quando um asteroide resolvia cair do céu e fazer um estrago. Mas durante o primeiro bilhão de anos, deve ter sido um paraíso. É assim que achamos que o planeta Vênus era quando o nosso Sistema Solar era jovem. Aí, as coisas começaram a dar terrivelmente errado.
O planeta Vênus, que chegou a ser um paraíso, ficou parecendo um inferno. A diferença entre os dois pode ser um equilíbrio delicado. Muito mais delicado do que se pode imaginar. Quando as coisas começaram a sair do rumo, não foi possível voltar.
Os oceanos de Vênus desapareceram há muito tempo. A superfície é mais quente do que um forno, o suficiente para derreter chumbo.
Por que? Você pode pensar que é porque Vênus está 30% mais próximo do Sol do que a Terra. Mas essa não é a razão. Vênus está totalmente coberta por nuvens de ácido sulfúrico, que impedem que a maioria da luz solar atinja a superfície. Isso deixaria Vênus muito mais frio do que a Terra.
Então por que Vênus é tão quente? É por que a pequena quantidade de luz solar que consegue chegar à superfície, não consegue sair de volta. O fluxo de energia bloqueado pela densa camada de CO2 (dióxido de carbono) age como um cobertor sufocante para manter o calor.
Ninguém está queimando carvão ou dirigindo carrões à gasolina em Vênus. A natureza pode destruir um ambiente sem nenhuma ajuda de vida inteligente. Vênus está sofrendo de um efeito estufa descontrolado.
Vênus e Terra foram formados com praticamente a mesma quantidade de carbono. Mas os dois mundos foram jogados para caminhos radicalmente diferentes e o carbono foi o elemento decisivo das duas histórias. Em Vênus ele está quase que totalmente em modo gasoso; dióxido de carbono, na atmosfera. A maior parte do carbono na Terra foi guardado por eras em cofres sólidos de rochas carbonadas. Trabalhando por milhões de anos, trilhões de algas microscópicas captaram o dióxido de carbono emitido pelos vulcões na Terra e o transformaram nas rochas carbonadas no leito oceânico. Após incansáveis empurrões das placas tectônicas, moldadoras de nosso planeta, parte dessas rochas estão aparentes, sobre os oceanos. Elas são chamadas de falésias. Outros seres vivos também utilizaram CO2 para construir recifes de coral. O que sobrou na atmosfera não passa de 0,03% do que já foi emitido.
(falésias: rochas carbonadas que através dos milhões de anos afloraram do leito oceânico através da tectonia das placas) |
Pense nisso: menos do que 3 moléculas a cada 10.000. E ainda assim, faz uma diferença crucial entre um deserto estéril e um jardim de vida na Terra. Sem nada de CO2, a Terra estaria congelada. E com o dobro do que há, e estamos falando de apenas 6 moléculas para cada 10.000, as coisas ficariam desconfortavelmente quentes e causaria sérios problemas.
Alguns detalhes da atmosfera venusiana
O ar de Vênus é composto de 96,5% dióxido de carbono, 3.5% nitrogênio e traços de outros gases. Essa cobertura é altamente reflexiva, o que faz de Vênus um mistério aos nossos olhos. Além de intransponível à luz visível, a atmosfera também é muito pesada, tendo 90 vezes a pressão atmosférica encontrada em nosso planeta.
Apesar da lenta rotação, ventos de até 500 km/h uniformizam a temperatura na atmosfera do planeta.
O planeta também tem uma atmosfera altamente carregada de partículas elétricas, onde raios rasgam os céus venusianos na horizontal. Eles não chegam a tocar o chão. Pesquisas recentes mostram que surgem buracos na camada da atmosfera que é eletricamente carregada, a ionosfera. De acordo com a imagem, pode-se ver duas linhas brancas à direita atrás do planeta.
Nova pesquisa mostra buracos gigantes na atmosfera de Vênus - que servem como pistas adicionais para compreender este planeta tão diferente da nossa. (ilustração: NASA/ESA) |
Geologia
Como dito anteriormente, Vênus tem 12.100 km de diâmetro, quase que o mesmo do planeta Terra.
A maior da parte superfície de Vênus é coberta por planícies vulcânicas suaves. Podemos identificar algumas planícies, como exemplos: "Atalante Planitia", "Guinevere Planitia" e "Lavinia Planitia". Através de imagens obtidas pelos radares de sondas espaciais, observou-se que Vênus demonstra ter três “continentes”: Terra Ishtar, que fica ao norte e que cobre uma área do tamanho da Austrália. Afrodite Terra, que é do tamanho do continente africano, ao sul do equador e Lada Terra, localizada ao sudoeste no mapa abaixo. O interior de Ishtar consiste, sobretudo, de um elevado planalto chamado "Lakshmi Planum", que está rodeada pelas maiores montanhas de Vênus, incluindo o enorme "Maxwell Montes", que é um pico de 11 km de altura. Ele é cerca 2.5 km mais alto do que o Himalaia, na Terra.
Ao contrário da Terra, esses continentes não foram formados por placas tectônicas, nem estão separados por oceanos, embora em seu primeiro bilhão de ano, Vênus se parecesse em muito com a Terra que conhecemos hoje.
Ao contrário da Terra, esses continentes não foram formados por placas tectônicas, nem estão separados por oceanos, embora em seu primeiro bilhão de ano, Vênus se parecesse em muito com a Terra que conhecemos hoje.
O interior de Vênus é provavelmente muito semelhante ao da Terra: um núcleo de ferro com um raio de cerca de 3000 km, um manto de rocha derretida, que parece ocupar a maioria do planeta. Dados da sonda Magalhães indicam que a crosta de Vênus é mais forte e densa do que se pensava. A convecção no manto produz stress na superfície, que é aliviada em muitas regiões relativamente pequenas em vez de se concentrar nos limites das placas, como é o caso da Terra.
Pelo espectro visível não é possível observar absolutamente nada da superfície do planeta. Mas ainda bem que descobrimos outros modos de ver. Afinal, como saberíamos que lá existe o tipo de relevo que as imagens apresentam?
(Imagens de radar do relevo venusiano) |
(Imagens de radar do relevo venusiano) |
Através de observações realizadas por sonar, é possível notar que houve uma intensa atividade vulcânica em seu passado.
O solo quase que não apresenta marcas de crateras pequenas, já que a atmosfera do planeta serve como um super escudo contra esses bólidos espaciais. Porém, nota-se também que crateras de médio e de grande porte feitas por meteoritos que nem a espessa atmosfera venusiana não conseguiu desintegrar.
(concepção artística do ambiente em Vênus) |
Grandes rios de lava, evidências de erosão causada pelos ventos (que chegam a 500 km/h nas camadas mais altas da atmosfera) e um passado tectônico fazem da superfície desse planeta uma das mais complexas do Sistema Solar.
Apesar da grande dificuldade em pousar e manter uma sonda por tempo necessário, Vênus foi o primeiro planeta que recebeu missões exploratórias. Ou seja, já começaram pelo mais difícil. Antes de Vênus, apenas a Lua havia sido visitada por uma sonda espacial.
A grande aventura para submergir nas espessas nuvens venusianas começou nos anos de 1960 e se prolongou até os anos 70, com EUA e URSS. Durante as décadas de 80 e 90 a exploração venusiana foi reduzida e atualmente que voltou a ganhar um pouco de fôlego, em grande parte para entendermos como é o funcionamento do efeito estufa que ocorre em proporções gigantescas em Vênus.
A principio, Vênus foi explorada de fato pela União Soviética quando lançou o Projeto Venera que foi composto por 16 naves, sendo que as 8 primeiras foram enviadas para apenas orbitar, enquanto que as outras 8 eram compostas de um módulo orbitador e um pousador.
Elas eram lançadas aos pares, com uma diferença de uma ou duas semanas entre uma e outra. O design e os materiais utilizados foram sendo aperfeiçoados conforme foi sendo coletada informações das primeiras missões, afim de deixar as naves mais resistentes às intempéries do planeta hostil.
As Veneras fizeram história e não foi pouco: elas foram as primeiras naves a entraram na atmosfera de outro planeta de forma suave e a transmitir informações de lá, como fotos e dados científicos a respeito do ambiente, além de ter mapeado a superfície através de radar.
Projetada para durar 32 minutos, a sonda Venera 13 foi além desse tempo no planeta Vênus e suportou uma pressão atmosférica 90 vezes maior do que a experimentada no nível do mar aqui na Terra, por 127 minutos. Isso é como estar a 1 km de profundidade no oceano. Isso sem falar no calor de 457° C.
(Aqui temos uma imagem do solo venusiano, tirado pela Venera 13) |
Nos anos 80 foi a vez dos EUA enviar a Mariner 2, lançada em Agosto de 1962. Ela obteve dados sobre as condições atmosféricas do planeta.
Mariner 2 |
A Sonda Magalhães foi enviada a Vênus em 1989 através do Ônibus Espacial Atlantis, como mostrado na foto. A missão tinha um tempo de 5 anos com o objetivo de fazer um mapa cartográfico do planeta.
(Ônibus Espacial Atlantis liberando a sonda Magalhães para continuar sua jornada até Vênus) |
A Venus Express foi uma missão da ESA (Agência Europeia), que em 2005 objetivou estudar a dinâmica da atmosfera venusiana, desde a superfície até a ionosfera do planeta, como também entender a interação entre o vento solar e a atmosfera do planeta.
Vênus Express |
A JAXA (agência aeroespacial japonesa), lançou a sonda chamada Akatsuki (que significa "amanhecer") em 2010 para estudar as variações climáticas de Vênus.
Akatsuki |
Futuras Missões - O que esperar
Venera-D
Proposta inicialmente para ser lançada em 2016, a missão Venera-D foi adiada para 2025. A missão tem como objetivo realizar observações através de radar, similarmente como as Veneras 15 e 16 fizeram, como também a Magalhães de 1990. Porém, agora, com um radar muito mais sensível, possibilitando obter uma resolução muito melhor nas imagens. Esse mapeamento mais preciso também visa localizar melhores pontos para pouso em uma possível missão em solo.
Concepção artística da Venera-D |
Possibilidade de Colonização
Pensa-se na possibilidade de colonizar Vênus através de dirigíveis que estariam acima das nuvens mortais do planeta, onde a temperatura e a pressão são compatíveis com a de nosso planeta.
Terraformando
Em 1961, Carl Sagan propôs aplicar a engenharia planetária a Vênus em um artigo publicado na revista Science, intitulado "The Planet Venus". Sagan imaginou semear a atmosfera de Vênus com algas, que absorveriam o dióxido de carbono e reduziriam o efeito estufa até que a temperatura da superfície caísse a níveis confortáveis.
Posteriores descobertas sobre as condições de Vênus fizeram esta façanha impossível, já que Vênus tem atmosfera demasiadamente forte para processar e fixar. Inclusive, se as algas atmosféricas pudessem prosperar no ambiente árido e hostil da alta atmosfera de Vênus, todo o carbono que se fixara em forma orgânica seria liberado como dióxido de carbono tão prontamente quando caísse nas quentes regiões inferiores. Carl Sagan também sugeriu em seu livro Pálido Ponto Azul, o desvio de um cometa ou meteoro para se chocar com a superfície de Vênus, fazendo com que boa parte da atmosfera se dispersasse no espaço.
Landis sugeriu a construção de cidades flutuantes, que poderiam formar um escudo solar ao redor do planeta, e poderia usar-se para processar a atmosfera simultaneamente, combinando a teoria do escudo solar e a teoria do processo atmosférico com uma tecnologia escalável que proporcionaria um espaço imediatamente habitável na atmosfera de Vênus.
Robert Zubrin, seguindo um estudo de 1999 de Paul Birch, propuseram o uso de um para-sol montado no ponto lagrangiano interno (L1) ou em um anel orbitando o planeta para reduzir a insolação total recebida por Vênus, esfriando assim o planeta.
Landis sugeriu a construção de cidades flutuantes, que poderiam formar um escudo solar ao redor do planeta, e poderia usar-se para processar a atmosfera simultaneamente, combinando a teoria do escudo solar e a teoria do processo atmosférico com uma tecnologia escalável que proporcionaria um espaço imediatamente habitável na atmosfera de Vênus.
(Concepção artística de colonização em Vênus) |
(Concepção artística de colonização em Vênus) |
Fontes:
1)Cosmos (2014) - capítulo 12
2)https://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_de_V%C3%AAnus
[Edição: @difurlan1]
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