Cientistas tem um novo método para determinar se planetas alienígenas poderiam ser realmente habitáveis

Um novo estudo sugere que encontrar um planeta que possa suportar vida alienígena é mais difícil do que se imaginava anteriormente.





De acordo com a pesquisa,  estimar que um planeta é habitável baseado somente na Zona Habitável (como sendo a distância adequada para o Sol) afim de sustentar vida, não leva em conta outro fator crucial requerido para a existência de vida em um planeta: a temperatura interna quando o planeta foi formado.


O problema não é tanto com a zona habitável, diz o geofísico Jun Korenaga da Universidade de Yale. Mas com nosso entendimento de como planetas regulam suas temperaturas através de um processo chamado de “convecção do manto”.


Explicando um pouco, planetas que estão dentro das zonas habitáveis de suas estrelas hospedeiras são considerados potencialmente habitáveis por que eles estão na distância correta de seus sóis para que a água líquida exista em sua superfície. Basicamente, esses planetas não podem estar muito longe de seus sóis para que a água líquida necessária para sustentar vida não congele, como também ele não podem estar muito perto para que o calor não seja demasiado e faça com que a água evapore. Então o fato de haver água líquida na superfície do planeta é fortemente relacionado com a temperatura na superfície do planeta.


Mas existe outro fator que pode influenciar a temperatura na superfície de um planeta – a convecção do manto. Esse aspecto descreve como os movimentos tectônicos aquecem e esfriam a temperatura interna de um planeta, quando as rochas mudam de posição, dissipando e retendo o calor.


Cientistas costumavam pensar que muitos planetas foram capazes de regular suas temperaturas, o que poderia fazer com que alguns mundos pudessem acertar suas temperaturas para sustentar vida. Mas é aqui que o novo estudo proposto por Koregana sugere que nós devíamos estar errados, propondo que a temperatura interna inicial do planeta, quando este estava se formando, tem uma influência bem maior em seu potencial de habitabilidade, do que qualquer outro sistema de regulagem que acontece depois desse evento.


“Se você reunir todos os tipos de dados científicos sobre como a Terra evoluiu nos últimos bilhões de anos e tentar dar sentido a eles, você acabará percebendo que a convecção do manto é bastante indiferente à temperatura interna”, disse ele.


Utilizando uma nova ferramenta matemática para calcular como essa auto-regulação funciona, Koregana sugere que planetas parecidos com a Terra são capazes de interferir em suas temperaturas internas de alguma forma, fazendo a própria manutenção das corretas condições de habitabilidade – conseguindo se acomodar na zona habitável. E isso depende da temperatura inicial deste planeta quando ele foi formado.


“Estudos sobre a formação planetária sugerem que planetas como a Terra são formados por múltiplos impactos gigantescos [de matéria cósmica] e o resultado desse processo é aleatório e produz resultados muito diversificados,” explica Korenaga.


“O que nós temos neste planeta, como oceanos e continentes, poderia não existir se a temperatura interna da Terra não estivesse em um certo intervalo de medida. E isso significa que o começo da história da Terra não pôde ser tão quente ou tão fria”. Em outras palavras, para estarmos dentro da zona habitável do Sol, a terra precisou de sorte, primeiramente, para estar no nível certo de temperatura quando o planeta começou a se formar, em torno de 4.5 bilhões de anos atrás.


Se os cálculos de Koregana estiverem certos, isso pode significar que muitos dos exoplanetas encontrados dentro das zonas habitáveis de suas estrelas não são realmente habitáveis como havíamos pensado inicialmente, fazendo com que o trabalho pela procura de vida alienígena fora do Sistema Solar seja mais difícil como pensávamos que era antes. “A falta de um mecanismo de auto-regulação tem enormes implicações para a habitabilidade de um planeta”, diz Korenaga.


Mas quão importante e grande são estas implicações? Enquanto é cedo para se ter certeza, se os cálculos estiveram certos, Korenaga pensa que poderemos diminuir dramaticamente o número de candidatos a planetas habitáveis.“Pensava-se que seria difícil ser especifico sobre o quanto ao certo seria reduzir o número de planetas habitáveis”, Korenaga disse a Dave Mosher, ao Business Insider. “A maioria dos... estudos anteriores assumiram como verdade que planetas como a Terra se auto-regulam e nós precisamos pensar na hipótese de manter nossas mentes abertas... que planetas como a Terra poderiam muito bem ser de um tipo específico no Universo”.


Mas outros cientistas ainda estão otimistas, visto que ainda não sabemos muito sobre tectonia das placas. Pode haver mundos no universo que, por sua proximidade com seu sol, podem ter a temperatura certa para ter água líquida sem a necessidade de um manto de convecção.“Planetas rochosos são comuns,” disse a cientista planetária Sara Seager, do MIT, que não está envolvida no estudo, disse ao Business Insider. “Apesar da expectativa a respeito das implicações sobre a enorme diversidade de planetas, ainda haverá um grandioso número de planetas que são habitáveis, não importando o que nós pensamos que seja necessário para tal”.


Embora seja decepcionante pensar que o número de exoplanetas potencialmente habitáveis já numerados possa ser bem menor do que nós pensamos, um obrigado às descobertas de Korenaga, pois a boa notícia é que esses números podem ajudar a diminuir a procura. Com esta informação, os cientistas devem ser capazes de se concentrar em mundos que ofereçam as melhores chances de suporte à vida alienígena. Vamos cruzar os dedos, pessoal.


As descobertas estão publicadas em Science Advances.




[Tradução: @difurlan1]


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