Os Contratos para a construção dos espelhos e sensores do ELT estão assinados


A construção do maior telescópio óptico/infravermelho do mundo, o ELT (Extra Large Telescope), com 39-metros de espelho primário, está caminhando. O telescópio gigante emprega um sistema óptico complexo com 5 espelhos que nunca fora utilizado antes e requer elementos ópticos e mecânicos para levar a tecnologia ao limite. 

Os contratos de construção de vários componentes do telescópio foram assinados pelo diretor geral da ESO, Tim de Zeeuw e representantes de 3 empreiteiras residentes nos Estados membros da ESO. 


Dando início a cerimônia, Tim de Zeeuw disse: "É com grande prazer que assino esses quatro contratos hoje, cada um referente a um componente avançado que será instalado no coração do revolucionário sistema óptico do ELT. Frizamos que a construção deste telescópio gigante está avançando a toda a velocidade - o objetivo é que as primeiras imagens sejam feitas em 2024. Nós, no ESO estamos ansiosos para trabalhar com SCHOTT, SENER e FAMES - três principais parceiros industriais de nossos Estados-Membros.

Os dois primeiros contratos foram assinados com SCHOTT. Eles dizem respeito a construção do maiores espelhos únicos do ELT - o espelho terciário (de 3.8 metros) e do secundário de 4,2 metros e 3,8 metros - com material cerâmico Zerodur © [1] de baixa expansão, da SCHOTT. 

Pendurado de cabeça para baixo no topo da estrutura do telescópio, bem acima do espelho primário de 39 metros, o espelho secundário será o maior já empregado em um telescópio e o maior espelho convexo já produzido [2]. O espelho terciário côncavo é também uma característica incomum do telescópio [3]. Os espelhos secundários e terciários do ELT rivalizarão no tamanho com os espelhos primários de muitos telescópios modernos de pesquisa e pesam 3.5 e 3.2 toneladas respectivamente [4]. O espelho secundário deve ser entregue até o final de 2018 e o terciário até julho de 2019.

O terceiro contrato foi assinado com o Grupo SENER. Abrange o fornecimento de sofisticadas células de suporte para os espelhos secundário e terciário do ELT e os complexos sistemas ópticos associados que assegurarão que estes espelhos sejam maciços, porém flexíveis, e que mantenham suas formas corretas e que fiquem corretamente posicionados dentro do telescópio. A precisão é necessária para que o telescópio possa entregar a melhor qualidade de imagem [5].

O quarto contrato foi assinado por um consórcio chamado FAMES, composto pelas empresas Fogale e Micro-Epsilon. O contrato abrange a fabricação de um total de 4.608 sensores de borda para os 798 segmentos hexagonais do espelho primário do ELT [6].

Estes sensores são os mais precisos já utilizados em um telescópio e pode medir posições relativas a uma precisão de alguns nanômetros. Eles formam uma parte fundamental de um sistema muito complexo que irá detectar continuamente a localização dos segmentos de espelho primário do ELT em relação aos seus vizinhos e permitir que os segmentos trabalhem em conjunto para formar um sistema de imagem perfeita. É um grande desafio não só fazer sensores com a precisão necessária, mas também produzi-los rapidamente o suficiente para que milhares sejam entregues em prazos necessariamente curtos.

A cerimónia de assinatura contou com a presença de representantes das empresas envolvidas e do ESO. Foi uma excelente oportunidade para os representantes das empreiteiras que irão produzir muitos dos componentes ópticos e mecânicos desse telescópio gigante se conhecerem informalmente enquanto começam a criar o maior olho do mundo que se voltará para os céus.



Notas:

[1] Zerodur foi desenvolvido originalmente para telescópios astronômicos no final dos anos 1960. Ele tem quase nenhuma expansão térmica, o que significa que mesmo no caso de grandes variações de temperatura, o material não se expande. Quimicamente, o material é muito resistente e pode ser polido para um alto padrão de acabamento. A camada reflexiva real, feita de alumínio ou prata, é normalmente vaporizada sobre a superfície extremamente lisa pouco antes do telescópio ser colocado em operação. Muitos telescópios famosos com espelhos Zerodur têm funcionado de forma confiável por décadas. Incluem, por exemplo, o Very Large Telescope, do ESO, no Chile.

[2] Como é um espelho altamente convexo, não esférico, a fabricação do secundário é um desafio considerável e o resultado será um exemplo verdadeiramente notável de engenharia ótica de precisão. Muitos dos componentes do ELT serão pioneiros nesta área de tecnologia. O peso total do espelho secundário e do seu sistema de apoio é de 12 toneladas - e uma vez que ele estiver pendurado sobre o primário deve-se tomar cuidado para evitar que o espelho caia!

[3] A maioria dos grandes telescópios atuais, incluindo o VLT e o Telescópio Espacial Hubble da NASA / ESA, usam apenas dois espelhos curvos para formar uma imagem. Nesses casos, um espelho terciário é às vezes introduzido para desviar a luz para um foco conveniente - esse espelho é tipicamente pequeno e plano. No entanto, no ELT o terciário também tem uma superfície curva e o uso de três espelhos proporcionará uma melhor qualidade de imagem final em um campo de visão maior do que seria possível com um projeto de dois espelhos.

[4] O contrato para o polimento do espelho secundário já foi concedido.

[5] As células M2 e M3 são mecanismos complexos com mais de 6,5 metros de largura e pesando cerca de 12 toneladas, incluindo os próprios espelhos. Eles fornecem alinhamento e capacidades de rastreamento com um hexápodo com uma precisão absoluta na casa da dezena de micrômetros. As células também compensam as deformações da superfície do espelho, na ordem de dezenas de nanômetros, por meio de uma solução inovadora que utiliza arreios e apoios laterais.

[6] Neste momento 3288 foram firmemente ordenados (para a fase 1 do ELT) e mais 1320 serão incluídos no ELT na Fase 2, somando 4608 no total.

Mais Informações

O ESO é a principal organização intergovernamental de astronomia na Europa e o observatório astronômico terrestre mais produtivo do mundo. É apoiada por 16 países: Áustria, Bélgica, Brasil, República Checa, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Itália, Países Baixos, Polônia, Portugal, Espanha, Suécia, Suíça e Reino Unido, além do anfitrião Chile. O ESO realiza um ambicioso programa centrado na concepção, construção e operação de poderosas instalações de observação em terra que permitem aos astrônomos fazer descobertas científicas importantes. O ESO também desempenha um papel de liderança na promoção e organização da cooperação em pesquisa astronômica. O ESO opera três locais únicos de observação de classe mundial no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope (VLT), o observatório astronômico de luz visível mais avançado do mundo, com mais dois telescópios de pesquisa. O VISTA trabalha com o espectro infravermelho e é o maior telescópio do mundo de pesquisa. O Telescópio VLT é o maior telescópio de pesquisa projetado para examinar exclusivamente os céus na luz visível. O ESO é um dos principais parceiros do ALMA, o maior projeto astronômico existente. Em Cerro Armazones, perto do Paranal, a ESO está construindo o ELT (Extra Large Telescope, ou Telescópio Extremamente Grande) de 39 metros. O ELT, que se tornará "o maior olho do mundo apontado para o céu".


Fonte: http://www.eso.org/public/news/eso1704/
[Tradução: @difurlan1]

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