O Planeta Mercúrio - 1 de 8
Mercúrio, o mensageiro da mitologia romana, também é associado a Hermes, o deus grego da venda, lucro e comércio, deu nome ao planeta com a órbita mais interna do Sistema Solar.
Alguns números sobre Mercúrio
Distância média do Sol: 57 milhões de km.
Diâmetro: 4.880 km.
Explorado por: Mariner 10 (1974) e Messenger (2008)
Mercúrio lembra muito a aparência de nossa Lua. Morros empoeirados e crateras de impacto bem aparentes cobrem a paisagem morta desse planeta. Sua massa é insuficiente para que o planeta tenha gravidade ao ponto de reter gases para formar uma atmosfera considerável, assim como a nossa, por exemplo.
Se pudéssemos ficar em pé em Mercúrio e olhássemos para cima, sempre enxergaríamos o firmamento escuro. A falta de uma atmosfera faz com que o céu não tenha uma cor, diferente da Terra onde o nitrogênio presente no ar dispersa a cor azul.
Além da beleza, a ausência de uma camada atmosférica também deixa o solo exposto aos meteoros, cometas e asteroides. A inexistência de uma lua acentua ainda mais essa situação, já que uma lua também serve como um escudo planetário. Aqui na Terra, a atmosfera age como um “freio” e, em muitos casos, um escudo contra vários corpos que, vez por outra, rasgam nossos céus em forma de estrelas cadentes. Isso acontece por causa da fricção do corpo com o ar atmosférico. O atrito muitas vezes despedaça esses corpos, que não chegam nem a tocar o solo terrestre. Em Mercúrio, não. Eles acertam o chão e às vezes fazem muito estrago.
Ao contrário do que anteriormente se supunha, Mercúrio não é inativo geologicamente. Dia 26/09/2016, a NASA publicou, juntamente com o periódico Nature Geoscience, um artigo em seu site sobre a existência de pequenos penhascos encontrados à partir de dados obtidos pela sonda MESSENGER. "A pouca idade dessas pequenas formações geológicas em forma de penhascos nos fazem entender que Mercúrio se junta a Terra como um planeta tectonicamente ativo, com seu interior em constante resfriamento, causando contrações no planeta, à medida que ele esfria", disse Tom Watters, o autor principal do artigo. "Essas falhas pequenas na superfície de Mercúrio precisam ser muito novas para terem sobrevivido ao constante bombardeio de cometas e asteroides", acrescentou.
Além de agora ser reconhecido como um planeta ativo interiormente, ele também é um dos mais apressadinhos em seu movimento de translação. Aliás, ele precisa se movimentar rápido ao redor do Sol. Ao menos mais rápido que todos os outros planetas. Afinal, a gravidade do Sol é implacável. Se acaso ele desacelerasse nesse movimento de translação ao redor do Sol, ele cairia para dentro de nossa estrela.Com uma velocidade orbital média de 47.8 km/s, Mercúrio dá um giro completo ao redor do Sol em apenas 88 dias! (relembrando, esse movimento se chama translação).
O movimento de translação de Mercúrio já foi tema de controvérsias devido a precessão do periélio de Mercúrio. Todos os planetas do Sistema Solar apresentam precessão de periélio. Mas a de Mercúrio é a mais acentuada, pelo fato dele estar mais próximo do Sol.
Curiosidade
A cada século, Mercúrio realiza 13 trânsitos entre o Sol e a Terra, permitindo-nos observar sua silhueta através de telescópios devidamente preparados para tal evento.
(Trânsito de Mercúrio)
Já sua rotação é lenta. É aqui que quem nunca leu sobre essa particularidade de Mercúrio, pode ficar confuso: o movimento sobre seu eixo demora incríveis 180 dias! Esse é um exemplo bem excêntrico, pois o dia em Mercúrio leva o dobro do tempo que o ano de Mercúrio demora para terminar.
Enrolou tudo? Calma. Ficamos um pouco confusos mesmo quando as coisas saem dos padrões que estamos acostumados. Isso tem um porquê. A gravidade do Sol está freando o movimento de rotação do planeta há bilhões de anos.
Essa lentidão toda faz de Mercúrio um planeta de extremos. Durante seu dia (que dura 3 meses terrestres), A face de Mercúrio que fica exposta ao Sol atinge uma temperatura de até 430 °C. A noite (nos outros 3 meses para fechar o ano de Mercúrio), a temperatura despenca para incríveis -150 °C. Sem gravidade suficiente para manter uma atmosfera e com o Sol freando sua rotação, Mercúrio não tem condições alguma de manter uma temperatura mediana, que não oscile tão radicalmente.
Histórico violento
O histórico violento de Mercúrio passa pela mitologia, onde é contado que o deus Mercúrio inventou o box. Mas não é daí que vem a "força" do planeta. Ele precisaria de algo bem mais poderoso para ter sobrevivido à marca de impacto que a sonda Mariner 10 encontrou por lá, entre muitas outras.
Em 1974 a sonda norte-americana mapeou quase 50% do território de Mercúrio. Ela registrou uma cratera com 1500 km de diâmetro. Essa é simplesmente a maior cratera de impacto de todo o Sistema Solar. Nomeada de Bacia Caloris, sua extensão é um pouco maior do que o estado de Minas Gerais!
(Bacia Caloris, vista pela primeira vez pela Mariner 10 e registrada posteriormente, em melhor resolução pela Sonda Messenger, em 2008). |
Especula-se que com esse impacto, Mercúrio tenha quase que “virado do acesso”. O criminoso foi um asteroide de ferro com um diâmetro de 96 km. Momentos após a colisão, ondas sísmicas rumaram até o outro lado do planeta, mais precisamente até a área oposta ao impacto do asteroide (essa área é chamada de antípoda). Essas ondas “rasgaram” a superfície e “abriram” Mercúrio, fazendo a crosta tremer e retorcendo o terreno, criando estranhas e caóticas formações rochosas. Em poucos segundos as crateras que existiam se transformaram em morros com até 9km de largura e 2km de altura.
Água por lá?
Mercúrio também apresenta gelo dentro de algumas crateras. Especula-se que a água foi para lá através de colisões de cometas com o planeta. Ali dentro, a água, mesmo congelada, fica escondida dos raios solares.
Além de cometas, asteroides e meteoros
Analisando cuidadosamente a superfície de mercúrio, pesquisadores descobriram que algumas crateras podem não ter sido formadas por colisões com asteroides, cometas ou meteoros. Assim como na terra atual, Mercúrio também já foi ativo geologicamente em um passado remoto, com vulcões cuspindo lava em sua superfície.
Sonda Messenger
Lançada em 2004 a bordo do foguete Delta II, da Boeing, a sonda Messenger foi uma missão não tripulada da NASA e gerenciada pelo JPL (Laboratório de propulsão a Jato). Teve como objetivos caracterizar a composição química da superfície, estudar sua história geológica, a natureza de seu campo magnético, o tamanho e o estado de seu núcleo planetário, pesquisar seus polos e a natureza tanto de sua exosfera como de sua magnetosfera em 4 anos de missão.
(Sonda Messenger)
[Edição: @difurlan1]
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